Danças Circulares
As Danças Circulares são danças de diversas regiões do mundo, podendo ser celebrativas, energizantes, meditativas e introspectivas.
Segundo Wosien (1996):
A dança de roda, como é transmitida até hoje no folclore, é uma riqueza cultural das mais antigas do ocidente. Até os primeiros séculos da era cristã estava inserida nas práticas religiosas e na vida em comunidade; à margem da história cultural e espiritual, ela se manteve viva até os tempos modernos. Esta tradição, em sua grande multiplicidade, permite, ainda hoje, uma oferta inesgotável para os esforços na vida religiosa e na prática pedagógica e terapêutica, de encontrar as bases de uma comunhão plena de sentido. (WOSIEN 1996, p.8)
De acordo com Laban (1985) apud Pregnolatto (2004), "A dança é o exercício da vida vista e praticada e nos conecta com a fonte de existência".
Segundo Francês e Jefferies (2004), "dançar de mãos dadas na roda é alcançar as profundezas do ser onde está o saber infinito, a sabedoria sem limites".
Para Wosien (2000) "a dança é uma mensagem poética do mundo divino". Desse modo, o autor, teve seu primeiro encontro com a dança ainda na infância, o incentivo vinha do seu pai, que adorava dançar e cantar, sempre convidando os empregados poloneses para participarem das noites festivas que promoviam. Dançavam a Krakoviak Masúricas (masurka), dança alegre, executada em pares na sua terra natal.
O auge da carreira como bailarino e coreógrafo foi entre os anos de 1948 a 1958, passando a se interessar pelas danças populares a partir de 1949, onde a arte popular representava para ele o amor e um enorme prazer em dançar, pois as danças dos povos traziam sua riqueza em mitos e em poesia. Assim sendo, os princípios das Danças Circulares foram resgatadas, quando Bernhard Wosien passou a frequentar grupos de danças folclóricas, percebendo tudo aquilo que procurava, ou seja, "uma prática corporal mais orgânica para expressar seus sentimentos" (WOSIEN 2000, p.24).
As Danças encontradas por Wosien foram de natureza alegre e vibrante. Foram denominadas "solares". Mas ele coreografou, também, as Danças introspectivas, chamadas "lunares", pois constatou que elas haviam desaparecidas (RAMOS, 2002).
A grande repercussão das Danças Circulares foi em 1976, quando Wosien levou, a pedido de Peter Caddy, uns dos fundadores da Comunidade Holística de Findhorn Fondation, localizada no norte da Escócia, um maravilhoso repertório das danças dos povos, nos quais se tornaram internacionalmente um exemplo de meditação pela dança, espalhando-se pela Europa e por todo o Ocidente.
De acordo com Wosien (2000, p.25), "a dança de roda possibilita uma comunicação sem palavras e mais amorosa entre as pessoas" e "a dança, como a manifestação artística mais antiga do homem, é um caminho esotérico", onde o trabalho do bailarino acontece no seu instrumento, ou seja, no seu próprio corpo. Trata-se do trabalho a partir da base, a partir do interior da imagem perfeita de Deus. Segundo a frase esotérica: "Assim em baixo como em cima", o trabalho está nos fundamentos de nossa auto-compreensão, no ser humano como imagem de Deus.
Segundo Garaudy (1980) "a dança é um modo total de viver o mundo: é, a um só tempo, conhecimento, arte e religião".
Sendo assim, as Danças, na sua expressividade, trazem a arte de conseguir se comunicar corporalmente com as pessoas, deixando, assim, fluir um encontro de sentimentos e emoções consigo próprio e, consequentemente, com os outros.
Para Schwartz (1999, p. 170), "a arte, além de proporcionar o resgate dos componentes do auto-conceito, faz com que o indivíduo tenha um encontro consigo próprio". A arte, para esta autora, se apresenta como uma maneira de canalizar os sentimentos e emoções descontroladas, favorecendo uma melhora nas comunicações não-verbal e corporal.
Fato este também evidenciado por Wosien (2000, P.26) onde "na dança, como na música, o ser humano consegue exprimir todos os altos e baixos de suas sensações. Na dança sagrada, como oração e conversa sem palavras com Deus, o bailarino encontra o recolhimento". Assim, a dança é simplesmente vida intensificada e, com isto, delimitada contra movimento rítmicos atribuídos às áreas de esporte e ginástica, assim como a todos os "trabalhos".
A dança se comunica, do ponto onde a respiração, a representação, a imagem e a vivência onírica afloram e se tornam criativas, desprendidas do plano da realidade prosaica e dos grilhões terrestres".
Referências
· FRANCÊS, L. & JEFFERIES, R. B. Tradução de Helena Heloísa Wanderley Ribeiro. Dança Circular Sagrada e os sete raios. São Paulo: Ed.Triom, 2004.
· GARAUDY, R. Dançar a Vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
· PREGNOLATTO, D. Criandança. Uma Visita a metodologia de Rudolf Laban. Brasília: Ed. LG. E, 2004.
· RAMOS, R. C. L. Danças circulares sagradas: Uma Proposta de Educação e Cura. São Paulo: Ed. Triom, 2002.
· SCHWARTZ, G. M. A expressividade na dança: visão do profissional. Rev. Motriz. v. 5, n. 2, Rio Claro, dez. 1999.
· WOSIEN, B. Dança um Caminho para a Totalidade. São Paulo: Ed. Triom, 2000.
· WOSIEN, M. G. Danças Sagradas: deuses, mitos e ciclos. São Paulo: Ed. Triom, 2002.
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